O que pode ser quase tão importante para uma moça quanto um vestido de noiva? Para as jovens que moravam nas fazendas outra peça de roupa era pensada e produzida com igual carinho para o grande dia: o vestido do caminho.
O ritual do dia do casamento na zona rural, no tempo jovem de minha mãe e tias, era muito parecido com o das noivas da cidade. Exceto que as moças das fazendas precisavam fazer um longo caminho até a igreja. O transporte costumava ser cavalo, charrete, caminhão, às vezes até a pé. Na estrada, muita poeira ou barro. Não dava pra colocar o vestido de noiva em casa. Para transpor o último trecho que separava a menina-moça da mulher-casada era usado o ‘vestido do caminho’.
Eu imagino as conversas entre a noiva e as primas e amigas, enquanto capinavam as ruas de café ou mesmo no longo trecho para levar o almoço aos que tinham madrugado na lavoura. O tecido, a cor, os detalhes, botões, bordados... um pouco de ternura no meio do trabalho e da difícil lida da roça.
Minha mãe me disse que o vestido dela era cor-de-rosa com pregas, de seda. Quem costurou foi Inês Mapelli, que morava no Campestrinho. Soutien e calcinha, bordados, eram feitos em casa. Depois, a roupa foi usada para ir a algum passeio ou ocasião especial.
Tia Antonia lembrou que o dela, também cor-de-rosa, foi feito pela sua tia Henriqueta Da Ré. O destino dele foram as missas de domingo.
Seda, tafetá, véu e grinalda, flores de laranjeira (acreditem, eram de verdade, colhidas no pomar quando a estação permitia), sapato novo, alianças... delicadezas de moças, sonhos de meninas, momentos cor-de-rosa em meio às cruezas da existência. E ainda, supremo luxo, com direito a meia de seda fina.
Ao colocar o vestido do caminho, a moça sabia que sua vida estava mudando. A roupa nova era o início de outras responsabilidades, tarefas e comprometimentos. O espelho refletia pela última vez a menina, que voltaria mulher, ainda naquele mesmo dia, para a casa do marido.
O ritual do dia do casamento na zona rural, no tempo jovem de minha mãe e tias, era muito parecido com o das noivas da cidade. Exceto que as moças das fazendas precisavam fazer um longo caminho até a igreja. O transporte costumava ser cavalo, charrete, caminhão, às vezes até a pé. Na estrada, muita poeira ou barro. Não dava pra colocar o vestido de noiva em casa. Para transpor o último trecho que separava a menina-moça da mulher-casada era usado o ‘vestido do caminho’.
Eu imagino as conversas entre a noiva e as primas e amigas, enquanto capinavam as ruas de café ou mesmo no longo trecho para levar o almoço aos que tinham madrugado na lavoura. O tecido, a cor, os detalhes, botões, bordados... um pouco de ternura no meio do trabalho e da difícil lida da roça.
Minha mãe me disse que o vestido dela era cor-de-rosa com pregas, de seda. Quem costurou foi Inês Mapelli, que morava no Campestrinho. Soutien e calcinha, bordados, eram feitos em casa. Depois, a roupa foi usada para ir a algum passeio ou ocasião especial.
Tia Antonia lembrou que o dela, também cor-de-rosa, foi feito pela sua tia Henriqueta Da Ré. O destino dele foram as missas de domingo.
Seda, tafetá, véu e grinalda, flores de laranjeira (acreditem, eram de verdade, colhidas no pomar quando a estação permitia), sapato novo, alianças... delicadezas de moças, sonhos de meninas, momentos cor-de-rosa em meio às cruezas da existência. E ainda, supremo luxo, com direito a meia de seda fina.
Ao colocar o vestido do caminho, a moça sabia que sua vida estava mudando. A roupa nova era o início de outras responsabilidades, tarefas e comprometimentos. O espelho refletia pela última vez a menina, que voltaria mulher, ainda naquele mesmo dia, para a casa do marido.
O terno do noivo, mais corriqueiro, era comprado na cidade. E as alianças, símbolo do encontro dos destinos daqueles dois jovens, iam, corredor de igreja adentro, aninhadas numa rosa de papel forrada com tecido.
Simples como eles, lavradores. Bonito como os dois corações nervosos com a cerimônia de casamento. Profundo, como a terra que aravam.