Porque lembrar é preciso...

Porque lembrar é preciso...
"Partire è un pó morire", dice l’adagio, ma è meglio partire che morire, aggiunge Carrara. ("Partir é morrer um pouco", diz o adágio, mas é melhor partir do que morrer, retruca Carrara.)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Foi-se o Zé


“Essa divisória que nos separa do mistério das coisas a que chamamos vida” (Victor Hugo)

O menino sapeca morreu. Aquele que arrastava o saquinho de pão na enxurrada em frente da igreja da Vila Cruz. Aquele que mesmo de castigo comia as bananas que a mãe tentava deixar amadurecer. Era meio parente de Pedro Malasartes... empurrava a irmã pequena na escada, colocava o dedinho dela no soquete que dava choque... Era o terror da rua...
Mas tinha o coração grande de ternura. Subia na jabuticabeira pra apanhar as frutas grandonas pra mim. Ele sabia que a prima gordinha não conseguia chegar nos galhos mais altos. Na brincadeira de pique-esconde sempre me mostrava um lugar mais difícil de ser encontrada naquele grande quintal cheio de pés de milho.
E nunca me deixou voltar pra casa sozinha dos bailes e festinhas... tomava conta da prima adolescente como se fosse a irmã.
O menino sapeca morreu. Mas deixou para a vida a Vanessa, a Jaqueline, o Diego, o Gustavo e o Bryan.
Uma pequena grande família para guardar a sua memória e descendência.
Ele foi sepultado junto aos seus. A mãe, o tio Zé, a tia Maria, o tio Paschoal, os avós e a pequena Bia. Muito bem acompanhado para não perder o caminho que nos faz chegar ao outro lado. Pra nós, a saudade. Pra ele, um recomeço.
E como diz o pequeno neto Gustavo: ‘o vovô Zé virou estrela e o vento levou ele lá pra cima’.
Então, toda noite estrelada vai ser momento de encontro a partir de agora.

4 comentários:

  1. Delma,
    um texto lindo pro Zé, como uma homenagem..!

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  2. A Júlia tinha seis anos quando perdemos uma pessoa muito querida. Me enchi de coragem e fui explicar à ela essa história de virar estrela, querendo muito acreditar naquilo que eu contava, já que não me conformava com a perda daquela criatura tão única e especial. A minha “coisinha de cachinhos” me escutou atenta, com cara de “não sei”. Ficou lá na janela, olhando pra cima e buscando no céu escuro aquela que seria a estrela-Lenita, em meio a tantas outras estrelas-gente-que-partiu. Depois voltou correndo e me disse que tinha visto. Tinha visto a Lê, lá no céu. Não tinha dúvidas. Só podia ser ela. “Ela até piscou pra mim”, contou cheia de alegria. Confesso que às vezes eu também procuro, sem que ninguém saiba, e fico esperando, em um momento de saudade, achar a estrela certa e ganhar também uma piscadinha. A Jú jurou que dá certo! Pede ao Gustavo que te ensine. Ele, com certeza, sabe direitinho qual é a estrela-vô-Zé e qual a senha mágica para fazer ela sorrir e piscar.

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  3. Meu pai foi uma pessoa maravilhosa e sem duvidas muita gente vai ficar com saudade. Ele tinha um carinho especial pelo neto esse que acredita que seu avo virou uma estrelinha e esta no ceu junto com o sol e a lua. Eu concerteza vou sentir muito, mas muito a sua falta pois cuidava dele com muito carinho e atenção, pois foi assim que ele me criou.

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  4. Alem de me empurrar na roseira e colocar meu dedo no soquete pra levar choque ele me ajudou muito num momento muito dificil da minha vida. Eu sou irmã então pra mim ficou um vazio, é como se uma parte da minha história tivesse sido interrompida.
    É algo inexplicavel. Sinto um vazio que chega a ser fisico e não é fome não. Mas, não podemos fazer mais nada né? Ele se foi. O unico consolo é que ele se foi da maneira que queria. Zé, vc vai fazer muita falta aqui, mas como uma estrela, vc vai brilhar muito aí no céu só não faça tanta peraltice, tá?
    E Vanessa, to muito orgulhosa de voce. Voce foi muito forte e deixou de viver a sua vida pra tomar conta da pessoa que mais brigava com vc kkkkkk mas que te amava muito tambem. A gente via isso nos olhos dele.

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